sexta-feira, 16 de julho de 2010

Há ou não um "Plano Divino"? - por J. Krishnamurti

Pergunta: “Há ou não um Plano Divino? Se não há, qual o sentido de nosso esforço?”


Krishnamurti: Por que nos esforçamos e atrás do que continuamos? O que aconteceria se não nos esforçássemos: haveria estagnação e decadência? O que é este esforço constante por ser algo? O que este esforço, esta luta, indica? Será que o ‘entendimento’ chega através deste esforço, desta tentativa? Alguém se esforça, seguidamente, para melhorar, para se modificar, para se encaixar em certo padrão, para tornar-se algo – desde o office-boy até o diretor, desde o diretor até o religioso! E, será que todo este esforço traz ‘entendimento’? Eu penso que esta questão do esforçar-se tem que ser melhor compreendida. O que é isso que está se esforçando, e o que desejamos indicar quando dizemos ‘uma vontade de ser’?
Nós nos esforçamos, não é mesmo, de modo a alcançar um resultado, a fim de melhorar, de sermos mais virtuosos ou qualquer outra coisa. Há esta batalha contínua conosco, entre um desejo positivo e outro negativo, um sobrepujando o outro, um desejo controlando o outro – apenas que damos o nome de Ser superior e inferior. Porém, é óbvio, continuam sendo desejos. Você pode ergue-lo a qualquer altura e nomeá-lo de forma diferente, mas ainda é desejo, um anelo por tornar-se algo. E, também, há o conflito com os demais: será que este conflito entre desejos traz entendimento? Será que este conflito entre os opostos traz esclarecimento?
Assim, o problema não está no esforço, na tentativa, ou no que aconteceria se nada se fizesse. A questão é: como o ‘entendimento’ acontece? Pois, quando há entendimento, já não há mais esforço! Aquilo que se compreende, daquilo nos libertamos. Então, de que modo surge o ‘entendimento’ ? Não sei se já chegou a perceber que, quanto mais se esforça para compreender, menos você compreende qualquer problema! Porém, no momento em que suspende qualquer esforço e deixa a questão lhe contar tudo a respeito, dando-lhe importância, então surge o entendimento, o que obviamente significa, que para compreender, a mente deve estar quieta. A mente deve estar sem qualquer escolha, toda passiva e alerta. Nesse estado, sim, há entendimento dos vários problemas de nossa vida. Alguém indagou sobre haver ou não um Plano Divino. Eu não sei o que se designa por Plano Divino, porém, nós sabemos que estamos sofrendo, que estamos confusos e que isto segue aumentando sempre, tanto social quanto individualmente e também psicológicamente. Foi isso que criamos no mundo.
Se há um Plano Divino ou não, parece não ser importante, mas, o que é importante é poder entender esta confusão em que nos encontramos, tanto dentro quanto fora de nós. E, para entender esta confusão, temos que principiar, é óbvio, por nós mesmos. Porque nós somos a confusão e a levamos para o mundo exterior. E para resolver essa questão temos de começar em nós mesmos, pois, o que somos, também o mundo é!


Por J. Krishnamurti, de uma palestra em Londres, em 1949.



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OM Namah Shivaia - encontro Oriente e Ocidente



Meditação em Yoga: Em yoga Clássica, a yoga de Patanjali, ciência que demonstra a potencialidade possível ao homem, há oito passos a completar, envolvendo disciplinas tanto físicas qto. mentais. Na 1ª destas etapas, se acham disciplinas relativas à autoeducação, ou auto-controle, tais como: não violência (ahimsa), veracidade (satyagraha), continência (brahmacharya), etc. Na etapa seguinte, dita das 'observâncias', estão a prática de pureza, contentamento, esforço sobre si mesmo, estudo e consagração ao Ideal.

O 3° passo, ou 3ª pétala da Flor de Yoga, trata das posturas ou âsanas, ou seja, os modelos gestuais recomendados aos que aspiram algum domínio sobre seu corpo. A quarta etapa é dos 'pranayamas', isto é, as disciplinas necessárias ao controle da energia através da respiração. Pratyahara é a etapa em que se aprende a controlar os sentidos. Dhârana, a 6ª etapa, se ensina a concentração da atenção. O sétimo passo, denominado Dhyâna, se refere às tecnicas de introspecção ou de meditação, e o último degráu chama-se Samadhi, ou completa absorção no Ideal Espiritual.

Este é o caminho de Yoga, relevante símbolo atual do encontro entre Ocidente e Oriente.

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