segunda-feira, 5 de julho de 2010

"Auto-Iniciação", pelo Prof. Huberto Rohden

Hoje em dia muitas pessoas falam em iniciação. Todos querem ser iniciados. Mas entendem por iniciação uma alo-iniciação, uma iniciação por outra pessoa, por um mestre, um guru. Esta alo-iniciação é, porém, uma utopia, uma ilusão. Só existe auto-iniciação. O homem só pode ser iniciado por si mesmo. O que o mestre pode fazer é mostrar o caminho por onde alguém pode se auto-iniciar, pode colocar setas ao longo do caminho, que indiquem a direção certa que o discípulo deve seguir para chegar ao conhecimento da verdade sobre si mesmo. Iniciação é o início na experiência da verdade sobre si mesmo.
O homem do mundo vive uma ilusão sobre si mesmo. Não sabe quem é realmente, se identifica com seu corpo, com sua mente e com suas emoções, e nesta ilusão vive a vida inteira. Não se iniciou na verdade sobre si mesmo, não pussui autoconhecimento e, por isso, não pode entrar na auto-realização!
Quem descobre a verdade sobre si mesmo, liberta-se de todas as inverdades e ilusões. Liberta-se do egoísmo, da ganância, da luxúria, da vontade de explorar e fraudar os demais. O iniciado morre para seu ego ilusório e nasce para seu Eu verdadeiro. Começa a vida eterna em plena vida terrestre, não espera um céu para depois da morte, vive no céu da verdade, aqui e agora. Isto é auto-iniciação!
O início de tudo isso é a meditação ou cosmo-meditação.
Mas, a meditação é impossível sem que a pessoa se esvazie de todo conteúdo de seu ego ilusório: quem se esvaziar de sua ego-consciência será plenificado pela cosmo-consciência, que é a iniciação. Porém, é impossível realizar este ego-esvaziamento no momento de meditação, por mais que se tente, se a pessoa viver as 24 horas do dia de modo extrovertido, escravizado pelas coisas do mundo.
A meia hora de meditação nada resolve, não abre as portas para a iniciação, se a pessoa durante o dia não se libertar da escravidão de seu ego. Mas, como fazer isto? Usando as coisas materiais na medida do necessário, a não do supérfluo; pode-se ter um conforto necessário, sem, contudo, torná-lo excessivo!
A mística da hora de meditação é impossível sem a ética da vida diária, sem o desapego ao supérfluo. Luxo e luxúria são 'lixo' impedindo o caminho para a iniciação. Quem não remove este 'lixo' pode fazer quantas meditações quiser que não poderá se iniciar.
Quando um único homem, escreveu Mahatma Gandhi, chega à plenitude do amor (auto-realização), neutraliza o ódio de milhões! Nada pode o mundo esperar de alguém que algo espera do mundo - mas, tudo pode o mundo esperar de alguém que nada espera do mundo!
O iniciado dá tudo e não espera nada do mundo. Ele já encerrou as contas com o mundo, está quite com o mundo. Pode dar tudo e não perder nada! O auto-iniciado é um místico, mas não um místico solitário, e sim, um místico dinâmico e solidário, que vive no meio do mundo sem ser do mundo!
(a continuar)
Resumo de um texto de Huberto Rohden, fundador da Alvorada, em São Paulo,
possivelmente escrito em 1980.

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OM Namah Shivaia - encontro Oriente e Ocidente



Meditação em Yoga: Em yoga Clássica, a yoga de Patanjali, ciência que demonstra a potencialidade possível ao homem, há oito passos a completar, envolvendo disciplinas tanto físicas qto. mentais. Na 1ª destas etapas, se acham disciplinas relativas à autoeducação, ou auto-controle, tais como: não violência (ahimsa), veracidade (satyagraha), continência (brahmacharya), etc. Na etapa seguinte, dita das 'observâncias', estão a prática de pureza, contentamento, esforço sobre si mesmo, estudo e consagração ao Ideal.

O 3° passo, ou 3ª pétala da Flor de Yoga, trata das posturas ou âsanas, ou seja, os modelos gestuais recomendados aos que aspiram algum domínio sobre seu corpo. A quarta etapa é dos 'pranayamas', isto é, as disciplinas necessárias ao controle da energia através da respiração. Pratyahara é a etapa em que se aprende a controlar os sentidos. Dhârana, a 6ª etapa, se ensina a concentração da atenção. O sétimo passo, denominado Dhyâna, se refere às tecnicas de introspecção ou de meditação, e o último degráu chama-se Samadhi, ou completa absorção no Ideal Espiritual.

Este é o caminho de Yoga, relevante símbolo atual do encontro entre Ocidente e Oriente.

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