IV. Portanto, a idéia de ‘meditação’ é bastante antiga, incluída que está em uma tradição que ostenta mais de 6.000 anos de conhecimento, de averiguação e de auto-sustentação, e tudo, em qualquer dos sistemas de pensamento e filosofia, está baseado na verificação intuitiva, através da meditação!
Porém, aqui no ocidente, não se conhecia nada disso até bem pouco tempo atrás. A educação psicológica foi sempre desvalorizada, dando-se preferência à educação apenas operativa, fornecedora de ferramentas para o sustento do corpo e nada para o aprimoramento mental. Nas igrejas se ensinou sobre os pecados capitais, sobre vergonhas e culpas; confissões, orações, medos; Deus e o diabo! Falou-se muito em perdão e arrependimento, mas nada foi dito sobre algum meio de harmonizar as tendências inatas, e crescer interiormente.
Nos mosteiros, aqueles monges que viviam experiências mais reclusas, podiam falar em ‘meditação’, e em algumas das tradições mais ascéticas, chamadas ‘dos pés descalços’, a vida contemplativa deveria se harmonizar, de fato, com a vida ativa.
Um monge beneditino ou trapista, por exemplo, poderia recomendar a um devoto a meditação em textos consagrados ou em certas frases, que inclinassem à submissão e ao arrependimento.
Alguns destes monges obtiveram de suas Ordens autorização para uma visita ao Oriente, tanto à Índia quanto ao Tibete, como aconteceu no caso de Thomas Merton, escritor e pensador trapista que relatou passagens de sua viagem no livro, bastante conhecido, “O Diário da Ásia”, que não chegou a concluir: após visitar Darjeeling, Calcutá e Madras, veio a falecer vitima de um choque elétrico, no mosteiro em que se hospedava, no ano 1.968, em Bankoc, na Tailândia. Era tão apaixonado pela Índia, que ao sobrevoar Calcutá, escreveu o seguinte:
‘É uma cidade que eu amo! O vôo de hoje foi lindo. Não me refiro à beleza bizarra e macabra das favelas, ao antigo esplendor perdido. Falo da beleza sutil dos açudes suburbanos e dos pomares, homens que solenemente se banham de manhã cedo e de garças brancas muito lindas e quietas, de pé entre os lótus, ou voando. Também a cidade, com seus muros em ruínas avivados por inscrições em bengali!’
(a continuar)
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