domingo, 23 de janeiro de 2011

Breves relatos da vida de um Avatar: Sri Ramakrishna (III)

Esta passagem, que é uma verdadeira parábola-viva, tem muito significado para a vida moderna. Em qualquer cidade que se esteja, em qualquer lugar do mundo, as pessoas estão vivendo de modo muito artificial. Suas linhas de vida, por assim dizer, se afastaram do natural, e a tônica nestas cidades é: competir, consumir, aparentar ser, antagonizar, tudo temperado de imediatismo e artificialidades. A estratégia mais importante é a ‘dissimulação’, ou seja, a arte de enganar o próximo. Em nossa sociedade mercantil, preparar bem as ‘iscas’ que encobrem um indesejável anzol, a fim de garantir rápida clientela, é uma prática convencional e até tradicional. Faz parte dos rudimentos do mundo dos negócios. Quem é que já não se sentiu, alguma vez, sendo ‘fisgado’? Bem, vemos aqui Sri Ramakrishna explicando, ou melhor, lançando luz, sobre a verdade desta situação.

Swami Abhedananda, cujo nome de família era Kali,  relata o seguinte episódio: "quando éramos ainda rapazes servindo a Sri Ramakrishna, certa vez nos reunimos para ir pescar; meus companheiros, Narendra e Niranjan, não tinham muita experiência na pesca com caniço, por isso, enquanto eles pegaram apenas um peixe, eu pude pegar 4 ou 5. Notícias de minha habilidade de pescar chegaram aos ouvidos do Mestre, assim certa noite, enquanto eu o estava servindo, ele me perguntou: “É verdade que você apanhou muitos peixes com uma vara de pescar?” “Sim,senhor”, foi minha resposta. Então, o Mestre replicou: “É um pecado apanhar peixe com um caniço, pois assim seres vivos estão sendo mortos!”

Em minha defesa, fiz uma citação do Gita: “Aquele que pensa que o Atman é um assassino, tanto quanto o que pensa que o Atman é morto, é ignorante, pois o Atman nem mata nem pode ser morto”. Então, acrescentei: “Assim, porque deveria ser um pecado apanhar o peixe?” O Mestre sorriu e procurou fazer-me entender por vários argumentos: “Quando se alcança verdadeiro conhecimento, não se dá passos em falso!” Súbito, principiou a tossir, e havia um pouco de sangue em sua saliva. Fiquei amedrontado: “Senhor, se continuar a falar isso agravará sua doença. Por favor, não fale mais!” Então, o todo-misericordioso Mestre me disse: “Eu o considero um dos rapazes mais inteligentes dentre os demais. Você compreenderá o que lhe disse através da meditação!”
Então, eu me retirei e conforme suas instruções, comecei a meditar naquilo. Depois de três dias, realizei o significado por detrás da advertência do Mestre. Procurei-o e lhe disse: “Senhor, agora compreendi porque é errado apanhar o peixe. Não farei mais isso. Por favor, me perdoe!” O Mestre ficou muito contente ao ouvir isto. Ele falou: “É enganoso pescar desta maneira. Ocultar um anzol dentro de uma isca e esconder veneno no alimento oferecido a algum convidado, são pecados da mesma espécie.” Humildemente aceitei o que o Mestre disse e senti sua grande compaixão por mim. Mas, ele ainda acrescentou: “É verdade que o Atman nem mata nem é morto. Porém, aquele que compreendeu esta verdade realizou o próprio Atman, assim, porque deveria manter a tendência de matar os outros? Enquanto esta tendência em matar se mantém, ele não está identificado com o Atman, nem possui qualquer Auto-conhecimento. Por isso afirmei que ao alcançar real conhecimento, a pessoa não dá mais nenhum passo fora de ritmo. Você deve entender que o Atman se acha além do corpo, além dos órgãos dos sentidos, da mente e do intelecto, e que ele é a testemunha do fenômeno”. As palavras do Mestre penetraram-me e eu realizei a verdade!”

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OM Namah Shivaia - encontro Oriente e Ocidente



Meditação em Yoga: Em yoga Clássica, a yoga de Patanjali, ciência que demonstra a potencialidade possível ao homem, há oito passos a completar, envolvendo disciplinas tanto físicas qto. mentais. Na 1ª destas etapas, se acham disciplinas relativas à autoeducação, ou auto-controle, tais como: não violência (ahimsa), veracidade (satyagraha), continência (brahmacharya), etc. Na etapa seguinte, dita das 'observâncias', estão a prática de pureza, contentamento, esforço sobre si mesmo, estudo e consagração ao Ideal.

O 3° passo, ou 3ª pétala da Flor de Yoga, trata das posturas ou âsanas, ou seja, os modelos gestuais recomendados aos que aspiram algum domínio sobre seu corpo. A quarta etapa é dos 'pranayamas', isto é, as disciplinas necessárias ao controle da energia através da respiração. Pratyahara é a etapa em que se aprende a controlar os sentidos. Dhârana, a 6ª etapa, se ensina a concentração da atenção. O sétimo passo, denominado Dhyâna, se refere às tecnicas de introspecção ou de meditação, e o último degráu chama-se Samadhi, ou completa absorção no Ideal Espiritual.

Este é o caminho de Yoga, relevante símbolo atual do encontro entre Ocidente e Oriente.

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